quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Ensaio sobre a convivência

Vou escrever um ensaio sobre a convivência. Acredito que essa seja a competência humana mais difícil de se executar. A convivência existe em cada pedaço de sua vida. Você tem que conviver com sua mãe, seu pai, seus irmãos, a família em geral. Conviver na sua escola, na sua faculdade, no seu trabalho. Com seus amigos, com seus parceiros, você tem que conviver com desconhecidos.
A convivência é algo que precisa ser exercitado diariamente. É um eterno exercício de paciência e tolerância
Parece estranho você personificar um ato como conviver...dizer que a convivência precisa ser exercitada diariamente, como se ela já não fosse diária, ou frequente. Porém quando eu digo exercitada, a ideia é realmente personificar e colocar a convivência como um terceiro fator no você lidar diariamente com algo. Quando você personifica o ato de conviver você consegue se situar melhor. Você meio que consegue ver a situação de fora e talvez consiga ter uma visão melhor e uma decisão mais acertada.
A primeira coisa para se ter uma boa convivência é se conhecer, então curiosamente esse ensaio sobre a convivência começa na sua necessidade de estar só. De se conhecer. A solidão é uma arma e uma escola. Quando você está sozinha, você estabelece uma linha de pensamento melhor, uma consciência e um raciocínio mais acertado. Óbvio que não basta se isolar um dia e isso tudo vem fácil. É preciso um tempo com você mesma.
Comigo aconteceu quando eu vim morar sozinha. Pense, eu vivi 25 anos da minha vida em uma casa com 5 pessoas (eu, incluída)....nesse ambiente, o silêncio e em seguida o auto conhecimento era impossível, a não ser que seu nível de elevação e evolução humana seja muito maior do que das outras pessoas. O meu definitivamente nunca foi. Ao contrário, eu era extremamente irritadiça quando eu era, digamos assim, mais jovem. Porque quando eu era adolescente eu era insuportável mesmo. Ponto. rs
Mas aí a oportunidade de sair de casa e vir morar sozinha surgiu e eu cai dentro como quem se joga em piscina de bolinha. Claro que o auto conhecimento não veio em 1 ano e talvez nem em 2...eu não sei bem, mas eu sei que hoje depois de aproximadamente 6 anos sendo Me, Isabel and myself eu consigo dizer que quando eu necessito de uma convivência com o outro, o panorama é completamente diferente. Quando você passa um tempo sozinha, apenas com seu botões, você eventualmente não tem com quem discutir seus dias, seus problemas e suas inquietações. Isso faz de você e suas paredes quase a mesma coisa. Com o diferencial que as paredes não pensam e você sim. E esse pensar, esse não ter com quem falar te faz rever, repensar, requalificar, reintensificar as coisas e ter um panorama que você só consegue quando sua cabeça está livre de influencias externas.
Mas você não tem amigos?
Claro que tenho. Mas não é sempre que recorro ao meus amigos ou aos meus familiares. E te falar, eu acho a melhor coisa que eu faço. Porque minha mente é forçada a trabalhar sozinha e avaliar situações e pesos e importâncias e besteiras e razões absolutas e dúvidas bestas e outras coisas que ela só consegue fazer sozinha. E é desse momento seu, que para mim foram 6 anos, que eu aprendi a conviver com quem quer que seja. Não que hoje eu seja o Dalai Lama, mas eu sei o que me estressa, o que é verdadeiro, o que não, e, qual o futuro de determinada relação que começa de um determinado jeito e etc. Tudo isso porque eu me conheço. Não me conheço por inteiro óbvio, mas me conheço o suficiente para saber que na convivência com o outro é necessário verdade, tolerância, paciência, respeito, espera, escuta, saber, humildade, perdão, força, diálogo e compaixão.
E é por causa disso que passamos a vida tentando ser melhor.